sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Os desafios do presente, olhando o passado

 A Europa, vive o seu momento mais conturbado a seguir aos loucos anos da II Guerra Mundial e pós guerra, falamos da Europa Ocidental, como não podia deixar de ser, no pós guerra de 1939-1945, a Europa, como parte vencedora do conflito, devastada física e economicamente, reuniu forças, e iniciou aquilo a que hoje se nomeia a ocidentalização da sociedade, e desenhou três vértices distintos para a sociedade, todos eles interligados, todos eles diferentes, a saber, a doutrina política, a doutrina económica e a doutrina civil.

No rescaldo do conflito, a economia europeia, estava esgotada, o esforço de guerra, ou melhor aplicando a doutrina económica, a economia de guerra imposta pela situação, esterilizou os desempenhos de crescimento económico, devastou as industrias e o esforço redobrado pelo sector primário, penalizaram tanto consumo, como poupança, e sem consumo, não existe poupança, e sem estes dois, não existe economia.

No plano da doutrina civil, antes da II Guerra, a Europa vivia o rescaldo da I Grande Guerra, e herdando as políticas do período 1918-1933, com a subida do nacional socialismo alemão de Hitler em 1932, com Benito Mussolini em 1922 em Itália, Francisco Franco (Espanha 1936), Oliveira Salazar (1933) em Portugal, as 4 figuras do pós Grande Guerra, que elevaram a doutrina política do fascismo, do nacionalismo e do poder de Estado, todos eles, incluindo Salazar, elevaram o poder do Estado, e um Estado que exerce o poder absoluto sobre a sociedade, é um Estado vocacionado para os excessos, para a repressão, para o domínio absoluto da vida civil, tendo essa premissa histórica bem presente, a Europa do pós II Guerra, tinha a árdua tarefa de se conciliar entre sociedade e Estado.

No vértice político, as dificuldades económicas, a reconstrucção de infra-estruturas estatais capazes dos desafios, a reconciliação das sociedades, e a união dos povos europeus, sobre o chapéu da democracia e da liberdade.

A maior e a mais difícil tarefa da Europa do pós II Guerra, foi o caminho político, a política da democracia, das liberdades e dos valores europeus, foi o caminho mais sinuoso e difícil que a sociedade europeia trilhou, por dois factos extremamente importantes na carreira de qualquer política e político, tanto na altura, como o deveria ser nos dias de hoje, a economia e a sociedade, estes pilares da democracia (a democracia dita democracia, não a nova democracia autocrata), quando não eficientes, inviabilizam qualquer política, qualquer sociedade de valores, reage de forma negativa a uma economia de rastos, a uma supressão de Liberdades e Direitos, e deste modo, a política, só sobrevive em um estado dictatorial, omnipresente, de volta ao período de 1918/1932.

No plano económico, a Europa viu nascer dois economistas, que ainda hoje, se debate quem foi o melhor, ou que escolas são as mais promissoras no espectro económico, John Maynard Keynes, e Friedrich Hayek, o keyenesianismo e a doutrina de Hayek,, Keynes na escola práctica da economia, e Hayek na escola filosófica económico-societária, ambos desempenharam um papel primordial, na reconstrução e consolidação económica da Europa até aos dias de hoje, a doutrina económica de Keynes dominou as politicas na maioria dos países europeus, com as suas obras, sendo as mais importantes, Tratado sobre a Moeda e  A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, e Hayek com o Caminho para a Servidão, foi o grande influenciador (chegou a ser agraciado pela própria) de Margareth Tatcher.

A industrialização da Europa, as políticas monetárias e o aumento do consumo, providenciaram o crescimento da Europa nos considerados anos de ouro do capitalismo (1945/1970), este crescimento económico, permitiu o crescimento societário, elevou a sociedade civil, e fundou a Europa sob valores morais, e permitiu, que a políticas democráticas obtivessem uma era de estabilidade, com algumas excepções (Portugal e Espanha), que só na década de 70 do século passado, transitaram de autocracias para democracias.

A Europa do Século XX, ao resolver os seus problemas económicos, resolveu os problemas da sociedade, e o problema político, mas em todo o caso, nas décadas de 80 e 90, a Europa, através do sistema político, inverteu o caminho percorrido até então, subverteu a economia baseada no equilíbrio entre consumo e poupança, para o estricto consumo, se até 1970, a Europa vivia sob a doutrina económica de Keynes, a partir de 1980, existe a viragem para a doutrina filosófica de Hayek, se Keynes doutrinava a intervenção dos Estados na economia durante as recessões cíclicas da economia, potenciando o investimento (consumo), e defendia um Estado menos intervencionista nos ciclos de bem estar económico, optando pela poupança (reequilíbrio orçamental), Hayek defendia a economia neoliberal, retirando aos Estados qualquer intervenção, defendendo que o mercado se auto-regularia.

Podemos hoje afirmar, que ambas as doutrinas estavam certas, pelo simples facto de que ambos, consideravam, que tanto Estados e Privados, independentemente da situação económica que se disponha, eram primeiramente guiados por valores morais para com a sociedade, e que esse factor, determinaria os timings e as acções, com o altruísmo inerente, e aí erraram os dois.

No início deste século, a Europa viu, impávida e serena, ao reaparecimento de uma nova doutrina política, as democracias autocratas, em que os Estados por toda a Europa, sonegaram e agruparam em um grupo de empregados da política, o poder decisório sem contestação pela sociedade civil, as políticas na Europa hoje, não são democracias livres, são autocracias nada democráticas, e quando assim o são, o poder está novamente concentrado em doutrinas únicas, e sem contestação, tal como em 1918/1932, com a agravante, de que no século passado, estavam distribuídas localmente, podemos dizer, que a política evoluí, mas a sociedade europeia regrediu.

A evolução do sistema político europeu, evoluí na medida em que se desvincula da sociedade, torna se autónomo e não carece mais da sociedade, simultaneamente, a sociedade regride, e torna se refém do sistema político, e uma sociedade aprisionada pela mão de políticos, é uma sociedade em ditadura.

Desde o início deste século, que o sistema político, destrói, as bases que erigiram a Europa no pós guerra, desindustrializou, financiou a destruição do sector primário, desequilibrou as contas públicas, empobreceu a sociedade, paulatinamente destrói os serviços públicos, e actualmente arrasta nos para uma guerra, depois de dois anos de politicas de saúde e de violação constante dos valores que no século passado, erigiram o povo europeu.

Se no passado recente, a política conduziu a Europa há prosperidade, actualmente conduz a Europa ao retrocesso civilizacional, que, de certa forma encontra outro par na história, a queda do Império Romano Ocidental no Séc. V, e a humanidade só viu a luz plena novamente, no Séc. XVII.

Valter Marques



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